segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Resenha do filme "Os Intocáveis", sucesso de bilheteria na França


por Gabriela Campos

Um homem negro, pobre, com antecedentes criminais e um homem branco, rico e tetraplégico, ambos com seus dramas existenciais e diversas lições de vida para ensinar um ao outro. Foi com esse contraste polêmico que os diretores e roteiristas Olivier Nakache e Eric Toledano conquistam cerca de 30 milhões de espectadores franceses com "Intocáveis". A comédia foi sucesso de bilheteria na França (seu país de origem) em 2011 e em agosto desse ano chegou aos cinemas brasileiros.
            Nas primeiras cenas do filme, Driss (Omar Sy) dirige em alta velocidade pelas ruas de Paris, conduzindo o carro do patrão, Philippe (François Cluzet). Ambos estão fugindo da polícia e já no começo o filme aborda a questão do racismo: os policiais param o carro e Driss, o motorista negro, é interpretado como marginal pelos oficiais. Philippe então finge perfeitamente um AVC e os dois conseguem escapar, seguindo sua aventura depois de muito riso.
            É nos próximos minutos que se percebe que aquela não é a primeira vez que Driss e Philippe se aventuram juntos. Philippe era amante dos esportes radicais e em um de seus voos de parapente sofreu um grave acidente, tornando-se tetraplégico. Além disso, perdeu a esposa que tanto amava e, após isso, nunca mais se recuperou da perda.
Driss, por sua vez, vive diversos conflitos familiares e sustenta-se graças ao seguro desemprego que recebe. Como está em condicional desde que saiu da prisão, precisa comprovar que está procurando emprego para continuar a receber seus benefícios. Em uma das entrevistas que vai para apenas assinar seus documentos e ir embora, acaba conhecendo Philippe, que percebe nele algo de que muito precisava: Driss não tinha pena dele.
Decide então contratá-lo e, mesmo deixando sua assistente Yvone (Anne Le Ny), familiares e funcionários muito preocupados, mantem sua escolha. O jovem, mesmo sem querer, aceita a proposta de emprego devido a sua situação e, com o passar do tempo, tanto Driss quanto Philippe descobrem quantas lições de vida podem aprender um com o outro: gostos musicais, artísticos, carácter e modo de viver a vida.
No filme, a interação entre os dois personagens cresce a cada dia e, gradativamente, sentem-se cada vez mais a vontade um com o outro, enquanto nas gravações os dois atores parecem ter sido destinados a desempenhar estes papeis e contracenar, pois o entrosamento em os homens é o que da ainda mais qualidade e visibilidade à produção.
            O longa metragem também contraria alguns estereótipos alimentados pelo cinema hollywoodiano, abordando problemas sociais como a pobreza, o racismo, a diferença entre classes sociais e, inclusive, utilizando um personagem negro e um cadeirante. Uma comédia leve e divertida, na qual os espectadores riem de representações naturais e não forçadas, como na maioria das produções do gênero e que leva à reflexão.