sexta-feira, 30 de março de 2012

Em busca do passado perdido

 Movimento cultural para reabrir os cinemas de rua ganha força e pode virar realidade

No ano de 2009, um dos tradicionais cinemas de rua de Curitiba encerrou suas atividades: o Cine Luz, na praça Santos Andrade. Hoje, a capital conta apenas com uma sala na Cinemateca e as demais, espalhadas pelos shoppings. Contudo, a Fundação Cultural de Curitiba está engajada em revitalizar o cinema de rua da cidade.

De acordo com Marcos Saboia, um dos responsáveis pelo desenvolvimento do projeto, a expectativa é reabrir o antigo Cine Guarani, no bairro Portão, e inaugurar duas salas na rua Riachuelo, chamadas Luz e Ritz em homenagem as antigas salas de cinema. O espaço ainda contará com cafés, locais para cursos e um estúdio próprio. Saboia ainda afirma que o perfil da Fundação Cultural não é comercial. “Os ingressos dos cinemas de rua são mais baratos, as vezes até oferecemos sessões gratuitas. Vamos ter nossos cursos, vai haver o curso prático de cinema lá e sempre que tiver a possibilidade de trazer um diretor nós vamos trazer nesse novo espaço”, conclui.
 



A empresária Vera Maria é uma entre vários saudosistas que poderão matar as saudades do cinema de rua. Segundo Vera, as pessoas não iam ao cinema para comer pipoca, beber ou conversar, pois o local não comportava esse tipo de atitude, diferentemente das salas de cinemas dos shoppings centers. O cinema era um local para encontros. "A minha geração gostava muito de ir ao cinema. Nos comportávamos a semana inteira para ter o privilégio de irmos ao cinema no final de semana. Como éramos crianças, íamos na matine, porque mais tarde o cinema era só para adultos", conta Vera.

O espaço que os shoppings centers conquistaram na cidade foi o estopim para o enfraquecimento dos cinemas de rua. Os shoppings, considerados lugares modernos, caíram no gosto popular, por um questão de facilidade e segurança. Para Fernando Severo, diretor de cinema e diretor do Museu de Imagem e Som do Paraná, alguns cinemas de rua ficavam em locais perigosos e difíceis de estacionar, dificultando o acesso das pessoas as salas de cinema. Severo afirma que a idéia é popularizar o cinema e também mostrar uma maior programação de filmes, com mais alternativas. “São filmes italianos, franceses, ingleses que não entram no nosso circuito comercial, além do cinema brasileiro, que tem uma produção muito grande”, afirma ele.  




Entretanto, Sabóia aponta o alto custo para manutenção como fator preponderante para o fechamento dos cinemas. “O Condor e o Vitória eram salas para mais de duas mil pessoas. Isso não existe mais, as salas são bem menores, talvez pela dificuldade de manter um espaço como esse. Tem o prédio, os impostos, pessoas trabalhando e uma queda de público. Acho que é mais por conta disso que aconteceu esse fechamento”, aponta. 

Gabriela Campos, Isabella Rosa, Paula Wernek e Renan Araújo